Sim, cansamos de muitas coisas. Cansamos de tudo aquilo que sedemos em função de uma melhor convivência, cansamos de abrir mão da nossa liberdade, cansamos de cobranças da vida, cansamos do trabalho, cansamos de casa, cansamos de nós mesmos.
Conforme o tempo passa, invariavelmente, iniciamos o preenchimento de vários copos d’água. Sim! Aqueles que tendem a encher em algum momento e muitas vezes a explosão do transbordamento surpreende a todos e até a nós mesmos. Assusta e pode até quebrar muitas coisas que pareciam indestrutíveis ou que demoraram anos para serem construídas.
Num silêncio particular, os vários copos que nos rodeiam vão enchendo, uns mais, outros menos. Assistimos calados, muitas vezes, os desdobramentos das ações e até de maneira aparentemente confortável, acreditando que teremos, lá na frente, a capacidade de suportar os seus transbordamentos numa boa, com total controle.
Um dia, mais cedo ou mais tarde, alguns destes copos chegam ao seu limite. Aí a bomba explode, sem noção da sua potência acumulada. Neste momento paramos para pensar e refletir o quanto poderíamos ter feito para retardar este transbordamento. Nestas horas nos encontramos na situação de caça e caçador. Acabamos como os que estão a nossa volta: vítimas da nossa própria fúria. Pergunto: quem nunca passou por isto? Qual empreendedor não vivenciou esta situação? É difícil encontrar alguém que passou ileso por estes momentos.
Sim, parece ser coisa da vida. Um processo natural de aprendizado, onde levamos nossos sentimentos aos limites como um teste psicológico. É notório que com o passar dos anos nos moldamos a este processo, mas, volta e meia, lá estamos nós novamente com nossos copos no limite.
Existem diálogos e conversas que aliviam este processo, mas poucos são aqueles que se predispõem a se expor frente às suas fraquezas, a fim de esvaziar os copos. No momento das explosões, os cacos voam e acabam por atingir os envolvidos deixando profundas cicatrizes. Alguns transbordam e esvaziam-se sem quebrar o copo, permitindo um recomeço com menos pressões.
Provavelmente muitos de vocês, caros leitores, já vivenciaram os vários tipos de limites e sentiram na pele estes tristes acontecimentos de nossas vidas, que se configuram em momentos de extremo tormento mental com uma mistura de angústia, arrependimento, remorso, alívio, medo e tantos outros sentimentos que se misturam.
Esta é a incrível máquina do amadurecimento, do aprimoramento pessoal e espiritual que a vida nos impõe, queiramos ou não, independente de nossas consciências ou experiências já vividas por nós e pelos que nos rodeiam.