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Gestão de pessoas

Quando iniciei minha empresa, muito rapidamente percebi que o maior de todos os desafios que eu iria enfrentar, entre tantos que se mostravam necessários, seria a difícil tarefa de gerir pessoas, principalmente no meu segmento de prestação de serviços, em que tudo simplesmente é conduzido, transformado, produzido e encerrado diretamente pelas cabeças e mãos de pessoas.

Hoje, com muita convicção, posso afirmar que gerir pessoas é conduzir seres humanos a fazer com prazer aquilo que se deseja que elas façam. Na teoria essa é uma frase digna de moldura. Na prática foi preciso anos e anos para afinar as inúmeras características e atitudes que precisamos desempenhar para que não só os resultados, mas também o exercício da gestão chegassem perto de um nível aceitável.

Existe um pensamento muito simples para gerir pessoas, que é a lei da reciprocidade. Somos espelhos e, na grande maioria das situações, gostamos do que a maioria das pessoas gosta e repelimos a maioria das coisas que as pessoas repelem. Um ótimo exemplo que tenho – e grande companheiro – é o simples ato do sorriso. Não aquele em que só se movem os lábios, mas aquele que realmente nos abre ao próximo e de maneira mágica demonstra nossa verdade e transparência.

Sempre digo que de nada vale um sorriso se a atitude do gestor for demagoga: o sorriso real é, na verdade, a consequência de um trabalho estruturado de gestão de pessoas, em que ele, gestor, também sinta prazer em estar com as pessoas no exercício de suas funções.

Na vida e nos relacionamentos não existe a possibilidade de esconderijo ou mentiras, não existe ninguém que consiga enganar tantas pessoas por tanto tempo. Somos diretamente percebidos pelas nossas ações, somos julgados diretamente pela máxima de causa × efeito.

Há muito tempo me exercito para gerar um guia das características pelas quais devo conduzir meu trabalho, para ser aquilo que eu acredito ser um bom gestor. Procuro relacionar todas as características que tenho como expectativa de alguém que está à frente de uma equipe: empenho-me para continuar com as características que julgo satisfatórias e separar aquelas em que deixo a desejar. Normalmente, não são poucos os pontos negativos, mas não os ignoro simplesmente: entendo que preciso ter foco nos meus defeitos e procurar corrigi-los.

Sei que jamais serei exímio em transformar defeitos em predicados, mas com atenção e cobrança própria consigo resultados razoáveis. Também procuro dar muito feedback aos meus liderados, bem como ter o deles em relação à minha pessoa. Procuro ser franco e permitir que eles também sejam, mesmo sabendo que receber críticas não é fácil para ninguém. Sei que somente dando liberdade para que elas sejam manifestadas é que se pode reagir e apresentar sinais de melhora, ou pelo menos mostrar força de vontade para que tais características sejam amenizadas.

Existem vários estudos, literaturas e exemplos a seguir nesta árdua tarefa de aprendizado da função de gestor de pessoas, mas existe algo que é pouco comentado e que jamais poderá ser dispensado do processo: gostar de pessoas. Para gerir qualquer pessoa ou processo é preciso gostar de quem e do que está sendo gerido. Eu, particularmente, adoro pessoas, gosto de conhecê-las, entendê-las, ajudá-las.

Gerir pessoas é amar ao próximo, sabendo que somos diferentes, que pensamos diferente, que vivemos diferente e que o processo não poderia acontecer de outra maneira se não houver entendimento das situações e das características vivenciais para evoluirmos como pessoas e como gestores delas.

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