Provavelmente não existe nenhum empreendedor que não tenha vivenciado este sentimento em sua jornada. Principalmente no início da história das empresas, sentir esta asfixia nos negócios é praticamente uma situação cotidiana até a roda começar a girar.
Gerir estes momentos é quase uma prova de admissão para o mundo dos negócios. Requer uma habilidade quase circense. Somente para exemplificar o tamanho do desafio, muitos fazem uma analogia com os pratos equilibrados nas varetas.
Quando penso no meu início, me recordo com muita nitidez daqueles tempos. Era, literalmente, vender a janta para pagar o almoço. O frio na barriga era um sentimento permanente. Confesso que cheguei até a me acostumar com ele, tamanho foi o tempo de convívio.
A persistência e a convicção de que sairia daquela situação, pouco a pouco foram se consolidando e aquele frio na barriga, foi passando, a não ser nas inúmeras vezes que projetávamos passos mais largos, nos impondo riscos mais elevados e ousados.
Nesses momentos tudo retornava ao normal. Parecia um aviso sintomático. Ora em momentos de novas crises, ora nos ímpetos de crescimento, pois, nos negócios, não existe aposta sem risco e, quanto maior a expectativa, tudo cresce proporcionalmente.
Agora, estamos todos diante de uma nova asfixia, porém, esta se mostra muito diferente.
Nela, estamos à deriva, sem visão, num mar extremamente revolto e sem nenhuma perspectiva de calmaria à frente. Asfixiados por um vírus que, literalmente, pode esgotar o ar que respiramos para viver e, em nossas vidas econômicas, físicas e jurídicas, agindo com efeito semelhante, paralisando o fluxo do oxigênio vital para os caixas de nossas residências e empresas.
O momento está exigindo de todos, um elevado nível de equilíbrio para suportar estas pressões que ameaçam a saúde, nossas vidas e nossos sustentos.
Se existe algo que os empresários e líderes não podem fazer neste momento é procrastinar decisões, esconder verdades, acuar-se frente aos desafios, poupar esforços. Voltamos todos ao front, armados até os dentes para impedir o avanço aos nossos territórios.
Há momentos que, por força maior, precisaremos recuar, mas jamais abandonar ou facilitar o avanço do inimigo. As resistências sempre precisarão estar a postos, com vigor, num ato de coragem e demonstração que exige força e vontade infinita.
Bem, é fato que estamos numa guerra, da qual nunca havíamos pensado enfrentar, mas se pensarmos bem, as outras também foram as primeiras em nossas vidas.
Vencemos algumas, perdemos outras, mas jamais deixamos de lutar.
A vida é assim, tormentas e bonanças, altos e baixos, tristezas e alegrias. E é isto que faz nos sentirmos vivos, guerreiros por nossas conquistas e dignos em nossos esforços.
Vamos em frente, sempre em frente, pois este sim é maior sentido da vida.
Força, fé e convicção permanente, até o fim desta batalha, até o fim.