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Buscamos constantemente o equilíbrio, mas encontrá-lo de maneira plena, pode nos paralisar.

Conversar e trocar ideias é algo estimulante, principalmente quando temos conversas abertas sem que nenhum dos lados imponha razões pré-definidas. Não que não possam existir, mas quando trocamos ideias com a tentativa de compreender os motivos do outro sobre o mesmo ponto, estas conversas se tornam realmente edificantes.

Foi assim nestes dias, numa conversa que começou com um “Oi, tudo bem?”, pelo chat do Facebook, e de repente estávamos falando sobre a busca pelo equilíbrio. Foi aí que meu amigo, Conrado Poke, soltou uma colocação no mínimo reflexiva: “O encontro do equilíbrio pode ser paralisante”. Para isto simbolizou a frase com a imagem de um patinador em seu equilíbrio pleno e seguro, que somente se daria de maneira estática no solo.

Aquilo bateu rápido no entendimento da colocação, e este exemplo apresentou total identificação ao tema na busca incessante pelo tão almejado equilíbrio em nossas vidas que, caso encontremos, pode fazer com que nos deixe também paralisados.  Acho até que, em partes, conseguimos significativos resultados na busca pelo equilíbrio. Assim como o labirinto que regula o nosso equilíbrio físico e motor, temos a coerência e os códigos sociais para nos equilibrar em nossas ações. Buscar e lutar por uma conquista é o grande barato desta busca. A evolução, mesmo que em passos, nos motiva pelo caminho.

O fato é que, quanto mais nos aproximamos do equilíbrio, em qualquer frente de nossas vidas, mais queremos alcançá-lo em sua plenitude, e aí mora a linha tênue entre chegar neste ponto e assim paralisar-se no movimento constante de busca. O equilíbrio físico ou psicológico nos desafia constantemente, assim como a inconformidade que às vezes temos diante de um malabarista. Quando pequeno, meu pai me levou a uma apresentação dos Harlem Globetrotters (tinha paixão pelo basquetebol) e quando vi aqueles jogadores girando a bola equilibrada num dedo, imediatamente me gerou uma inconformidade que fez com que a partir do dia seguinte eu treinasse por horas e horas, durante muitos dias, para conseguir efetuar tal façanha. Aquilo me mostrou que quando realmente queremos alcançar uma habilidade diferente, temos somente que nos dedicar muito e com infinita persistência até poder superar nossas metas, independente de quanto tempo aquele equilíbrio se manterá estável.

Este tema abre muitas reflexões e esta é apenas uma delas. Equilíbrios, pelo menos em minha vida, sempre se tornaram metas a serem perseguidas, muitas das quais nos desafiam por uma vida e, pensando em sua conquista, alcançá-las com facilidade poderia mesmo ser o ponto da inércia em nossas vidas.

Equilíbrios conquistados normalmente são fixados em nossos corpos para sempre. Mesmo sem equilibrar uma bola por anos, tenho a capacidade de fazê-lo novamente. Assim como a bicicleta, nossos pais se esforçam para nos equilibrar e depois nos soltam para nunca mais precisar ajudar. O equilíbrio gera fascínio em todos os campos por ser um ponto possível de ser alcançado, porém, somente com grandes esforços pessoais. É só observarmos os esportes radicais que fascinam milhares de pessoas. No caso das bicicletas, não basta equilibrar-se sobre duas rodas, alguns querem desafiar os limites do equilíbrio e ao atingi-lo, sempre haverá outro querendo superá-lo.

Sei que estou a todo momento misturando o equilíbrio físico com o subjetivo, mas o que eu quis levantar nesta reflexão é sobre um dos maiores desejos do ser humano: ser uma pessoa equilibrada e se possível equilibrista, pois, em ambos os casos, são habilidades de grande valor, capazes de nos diferenciar positivamente.

Se você tem outros olhares sobre este assunto, expresse-se, coloque o seu ponto vista ou simplesmente reflita para exercitar a sua mente.

 

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