Um dia, uma semana, um mês, um ano? Bem, é melhor parar por aqui para não ficarmos tristes, mas o assunto é sério, andar de pé no chão, tem maior conexão com a vida real do que andar descalço, prestando atenção no caminho onde pisa, sentindo as texturas e calores do solo… que às vezes até machuca… Hoje recebi um retorno de um grande amigo, logo após ele ter lido o texto “onde estou?” e ele me disse que navega constantemente pelos três tempos da vida, o passado, o presente e o futuro, e que sempre se preocupou em estar mais no presente. Estas primeiras palavras deste texto sobre pisar com os pés descalços no chão foram escritas por ele, como se fosse um contínuo exercício à conexão da vida.
Nas cidades em que a maioria de nós vivemos, nos distanciamos deste contato, e quando li suas palavras vi o quanto estou distante deste solo que um dia foi a base de minhas maiores felicidades, no futebol da tarde, no gramado ou cimentão, nas ruas de cascalho que tanto curti, nos campos de terra molhada… Quando li seu retorno, a vida me veio à memória num piscar de olhos e, abaixo dos meus pés, meias, sapatos, tênis e sandálias de borracha, sobre camadas e camadas de concreto e asfalto… De verde…, male, male, algumas copas de árvore que cruzamos pelo caminho, mas somente como paisagens de dentro de nossos carros de vidros fechados, ar-condicionado ligado e sim, parece estar tudo normal, e faz tanto tempo, que se tornou o nosso normal.
Este amigo engravidou com a sua esposa e foi passar um tempo em Fortaleza para ter seu filho num lugar mais próximo à vida, numa cidade mais calma, e conectado ao trabalho pela internet, passou a ver as estrelas uma vez por noite, pisar na areia e furar o pé nos espinhos.
Aí então ele escreveu estas palavras no final da sua mensagem: “O povo só para pensar no presente quando aparecem os problemas de saúde… haha aí todo mundo fica paralisado e refletindo sobre a vida…, mas dura um mês e já estão todos de volta à loucura da rotina insana…”.
É por estas e outras que gosto tanto de escrever e trocar ideias com amigos e conhecidos, pois sempre existem aqueles em que as palavras tocam no fundo dos sentimentos e, de alguma forma, naqueles mínimos instantes do dia acabo tendo sopros de paz e alegrias.
A você que está lendo este texto, onde você anda buscando sopros de paz e alegrias? Se ainda não tem, ao menos amanhã, vá a um parque, tire seus sapatos, pise na grama, ache uma poça de barro e tente um pouco reconectar-se à sua vida.
Você nem imagina o bem que isto irá lhe fazer. Depois, divida isto com todos aqueles que puder, isto também lhe fará muito bem!