Hoje acordei com um sentimento muito incomum em minha vida, pensei em defini-lo como medo. Até me senti estranho, pois não tinha esta sensação muito clara ou definida e, raramente, ela me rondou. Imediatamente, como é de costume, fui capturar os reais motivos que estavam deflagrando estes sintomas.
Nestes últimos meses, tenho sido procurado por diversas pessoas, dos mais variados segmentos e níveis, em busca de uma palavra de orientação. Como sempre procurei interpretar o ambiente de maneira holística e empreendedora, dentro de qualquer cenário, minhas sempre foram de esperança, convicção, crença e, principalmente, persistência, adjetivos que caminham atrelados a minha pessoa.
Algumas destas pessoas, as quais conversei há alguns meses, já me retornam com as seguintes réplicas:
- Marcelo, por mais que eu tenha esperança, as coisas não estão melhorando.
- Marcelo, sempre fui convicto e normalmente minhas crenças mais cedo ou mais tarde davam certo, mas e agora?
- Marcelo, até quando a persistência deve ser perseguida ou mantida?
- Marcelo, continuo sem encontrar saídas conclusivas.
Diante destas colocações e dos meus sintomas, recorri ao meu início, 1988, ano razoavelmente tumultuado deste país, inflação surreal, blá blá blá. O meu retorno a este tempo foi única e exclusivamente para tentar lembrar como eu, aos 22 anos, iniciante ao extremo, sem a mínima capacidade real, enfrentei o passo de iniciar uma agência de propaganda. Alguns pontos definiram a decisão, a crença de alguém que colocou a mão em meu ombro e disse: “Eu acredito em você, vá lá e faça”. Eu estava totalmente desconectado da realidade política e econômica do país, pois era, desde os 16 anos, um vendedor de roupas e embalagens de papelão, não tinha uma real noção nem como mensurar os perigos ou tamanhos de desafios a serem enfrentados, desconhecia e até ignorava as expressões “não dá”, “impossível” , “é muito difícil” e uma em especial que ignorava por completo: “medo”.
Destemido desde a infância e muitas vezes irresponsável com a minha própria segurança em minhas aventuras nas trilhas e pistas de MotoCross, sempre agi com ação diante desta tão temida palavra “medo”, que sempre despejou adrenalina como uma inconformidade em não conseguir superá-la.
Da minha infância e juventude, trouxe aprendizados e firmes atitudes. A vida andou, somaram-se à minha responsabilidade diversas vidas, famílias, sonhos, que conduzo com total respeito, seriedade e resistência. Hoje, mais do que nunca, não tenho tempo, nem olhos para esta palavra.
Um dia, uma única pessoa acreditou em mim e foi o suficiente para jamais esmorecer, desistir, chorar, reclamar ou encontrar desculpas.
Hoje, a expectativas daqueles que continuam acreditando em mim só esperam uma atitude:
Medo do quê???