Artigos e pensamentos

Um dia desses, me perguntaram por qual motivo eu escrevo

Se existe algo que adoro é ser questionado sobre motivações, sentimentos e posicionamentos. Nessas horas, antes de expressar o que tenho em mente, entro em profundas reflexões. Descobrimos, na maioria das vezes, coisas que nem imaginávamos fazer parte da nossa essência.

Pode parecer estranho, mas quando jovem, tinha muita dificuldade de me expressar na escrita, não havia meios de montar um encontro de palavras, condizente com as minhas ideias. Quando jovem, na época em que atuava como vendedor, abordando lojas e compradores, batendo pernas nas ruas de São Paulo, era a minha expressão verbal e corporal que se desenvolvia na enormidade de abordagens e negociações, durante os vários anos.

Com o início da faculdade, e logo após a abertura da agência, não havia mais como negligenciar esta deficiência em minhas atividades. Como tudo que fiz, começando também do zero, comecei a escrever do jeito que eu conseguia, e diariamente, encaminhava os meus textos para revisão, que retornavam de maneira assustadora, quanto ao número de erros. Aquilo me enlouquecia, não admitia não escrever razoavelmente bem, sentimento que me acompanha até hoje, confesso.

Como tudo na vida, escrever é treino, persistência, resiliência, leitura, conversa, tentativa e muitos, muitos erros.

Carlos Drummond de Andrade sentenciou “Escrever é a arte de cortar palavras”. Nesta arte ainda sou um mero aprendiz, e a cada texto, continuo cometendo erros e com uma enorme dificuldade em cortar palavras.

Penso que ao escrever, exercito o entendimento das minhas crenças e as coloco em constante questionamento, por saber que, por mais que isto desloque o meu ponto de vista, acabo preso em fortes paradigmas.

Escrever é abrir salas de conversas. De alguma maneira, as palavras alcançam alguém que se identifica com elas. Muitas vezes, recebo feedbacks de pessoas falando “parece que isso foi escrito para mim”. Nesses momentos, sinto que contribuí para uma nova visão, um novo ponto de vista, jamais pensado antes, abertura da mente e outros retornos que acabaram me inspirando a continuar com este hábito.

Conseguir tocar pessoas, seus corações e mentes, é algo gratificante. Deixamos de certa maneira, um histórico dos nossos pensamentos e aprendizados, deixamos registradas a voz de nossas almas, e principalmente, nas entrelinhas, as nossas intenções frente ao universo.

Leio com frequência, textos maravilhosos que por minutos me intimidam a continuar, tamanha é a minha cobrança pessoal, mas depois, retorno com coragem frente ao receio de ser julgado.

A vida é assim, temos que enfrentá-la diariamente. Queira ou não, o tempo corre e podemos utilizá-lo como quisermos, afinal, temos o livre arbítrio.

Sei que estou muito distante do que gostaria, mas também sei que avancei frente a minha deficiência.

Continuar e batalhar por aperfeiçoamento, por si só, já é um grande motivo. Escrever com o coração aberto, descrever sentimentos, dores e conquistas, é um sentimento libertador e, além de tudo isso, ainda conseguir tocar as pessoas em suas vidas, mesmo que seja através de uma única leitura é, no mínimo, uma grande oportunidade.

A quem por ventura estiver lendo este texto, meu agradecimento eterno.

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