Somos pura intenção. No fundo não nos mexemos se não for por uma intenção, um motivo.
Nossas ações são estimuladas por intencionalidade e muitas vezes são processadas de maneira tão rápida que, antes mesmo de pensarmos, já estão concretizadas, e na hora não nos damos conta do que foi que as motivou. Isso acontece por questionamentos e percepções que, muitas vezes, ficam em nosso subconsciente aguardando a melhor hora e o momento mais adequado para serem deflagradas.
Nós nos levantamos por uma obrigação de gerar para sobreviver; nos arrumamos adequadamente para causar uma ótima impressão em razão de oportunidades; somos gentis para recebermos gentilezas, e assim por diante. As questões que nos desafiam estão ligadas às nossas inseguranças, aos nossos medos e riscos. Por isso muitas vezes somos reativos, soltamos farpas em nossas palavras, procuramos convencer pares e receber afirmações e apoio àquilo que desejamos que seja confirmado, numa espécie de busca sentimental para nossas fraquezas.
Ter certeza de nossos atos nos dias de hoje é algo que só ocorre aparentemente, pois temos vivido dias de incertezas, inúmeras perguntas pairam sem respostas… Mas o mundo nos cobra posições. Ninguém gosta de mais ou menos, as pessoas buscam pelo sim ou pelo não, e ter um posicionamento expõe definitivamente o seu lado: a coragem é esperada e necessária nas relações.
Todos nós buscamos verdades e temos responsabilidade diante delas. Palavra para mim é promessa, e promessa só é verdadeira com total entrega. Meia entrega distorce a promessa, que jamais poderá ser 50%. Digo sempre que precisamos tomar cuidado com as palavras proferidas, pois elas não voltam à boca e, após soltas, podem mudar muito o rumo das coisas.
Como no caso de um casal com mais de 4 anos de convivência, sonhos, carinho, amor e entrega, muita entrega. Namoro de perfeita cumplicidade. Poucos meses após o casamento oficial, porém, um dos lados solta as seguintes palavras: “Não sei se é bem isto que eu quero para minha vida”. Uma frase com 12 palavras que, ao serem pronunciadas, alteram por completo anos de confiança mútua: a dúvida toma os espaços e dali em diante passa a pairar sobre o casal. A relação esfria em instantes: com apenas 12 palavras desabam milhares de sonhos, de projetos de vida em comum. A parte afetada instantaneamente inicia um processo de questionamento profundo, acompanhado de frustração, dor, ressentimento, vazio… um sentimento que faz lembrar a canção de Maísa, “ Meu mundo caiu”.
Às vezes, sem percebermos, deflagramos mudanças inimagináveis nas pessoas ao soltar pouquíssimas palavras. Nada mais prudente, então, do que esperar 10 vezes mais na hora de dizer ao próximo palavras aparentemente simples que possam lhe provocar reações traumáticas. Mais uma vez, vale a máxima: “Não faça com os outros o que não gostaria que fizessem com você”.
No fundo somos falhos nessa avaliação, pois sabemos – e muito – o que nos provoca mudanças no sentimento. Particularmente, tenho total humildade em reconhecer que cometo esse erro com razoável frequência.
Acho que é por isso que os mais sábios são os que menos falam. Introspectivos, avaliam suas intenções antes de proferir uma palavra mais comprometedora. Preferem ouvir e aprender na escola VIDA, onde as aulas jamais terminarão.