Existem situações em nosso dia a dia que, literalmente, se igualam à sensibilidade de impor uma mínima força extra para que tudo se perca.
Conduzimos muitas de nossas interações de maneira muito arriscada. Costumo dizer que diversos assuntos ficam suportados pela força de um fio de cabelo, forte o suficiente, até que num mínimo esforço extra, se rompe para nunca mais se restabelecer. Assim são as inúmeras interligações que administramos em nossas vidas.
Nas relações pessoais, basta uma palavra mal colocada para, às vezes, não termos nunca mais a atenção daquela pessoa. Nos casamentos, um olhar estranho pode transformar diversos dias em agonia e depressão. No trabalho, nem me fale. Quantas relações e negócios são interrompidos por uma imposição desnecessária, uma vaidade, teimosia ou intransigência.
Gerir a força parece algo simples, mas avaliar as cargas pode ser o grande diferencial. Interpretar ambientes, características e comportamentos pode nos dar mais habilidade para dimensionar os torques.
Na mecânica, os engenheiros estudam os limites de torque no aperto dos parafusos e porcas. Para isto, existe uma ferramenta chamada torquímetro, também conhecida por chave dinamométrica. Com ela e a especificação da carga, dificilmente você ultrapassará o ponto máximo antes de espanar ou romper o parafuso.
Seria muito produtivo se existisse um torquímetro capaz de limitar o tom de voz, as palavras de baixo calão, as irritações, as caretas e tudo aquilo que necessitamos dimensionar no nosso dia a dia, mas como esta ferramenta só existe na engenharia mecânica, vamos tentar criá-la em nosso bom senso, nossas coerências e, principalmente, em nossas atitudes.