Lembro de um ditado popular muito verdadeiro que dizia algo assim: “Quando um não quer, dois não fazem”. Imagina só quando dois não querem? Aí as coisas ficam piores ainda.
Na comunicação, isto acontece com enorme frequência. As pessoas, de modo geral, principalmente em ambientes corporativos, tendem a se comunicar com extrema excelência somente com aqueles com quem se identificam, tem afinidade e estabelecem relações amistosas.
Não raro, percebemos isolamentos e distanciamentos por falta de entrosamento, discórdias pontuais, desencontros ideológicos, entre outras coisas.
Lidar com estes entraves no dia a dia é bastante desgastante e cansativo. Ceder todos os dias, correr atrás do que seria função dos outros, assumir responsabilidades, resolver problemas que aparecem aos 47” do segundo tempo são, em sua maioria, frutos de uma péssima comunicação.
Às vezes, não me conformo em ver pessoas extremamente fáceis de lidar, afáveis no trato e educadas nas palavras, caírem nestas teias de isolamento e silêncio transacional.
Mediar este cenário de desgastes, que mais cedo ou mais tarde vem à tona, transparece uma certa doença silenciosa, como se uma erva daninha penetrasse no dia a dia e fosse crescendo até a hora que trava todos os movimentos e algo negativo acontece em todo o redor. Como um congestionamento, quando o farol de um grande cruzamento entre avenidas quebra ou um novelo de lã, onde se não houver cautela e paciência para puxar suas pontas, se trava num nó sem solução.
Dentro das empresas, as pessoas são em sua maioria, cautelosas. Se não se expressam, acumulam sentimentos e ressentimentos até explodirem ou começarem a criar vapor, dando sinais de explosão futura.
A vida não anda fácil para ninguém. As equipes estão encolhendo e o que estava difícil, tende a piorar em cenários de aperto. Sempre penso que se existe uma maneira de melhorar, esta não é a de se defender, pelo contrário. Em tempos difíceis, dou sempre um passo para trás, respiro e vejo o quanto eu posso ser melhor nesta ou naquela situação, o quanto posso rever minhas atitudes para amenizar a dor e o tempo de todos. Como posso recuar, baixar a guarda e tentar iniciar por um caminho mais adequado, calmo e eficiente para que todos os envolvidos possam ter um alívio da pressão instaurada.
Pare um segundo e imagine se todos decidissem ter a mesma atitude. Você acha que as coisas iriam melhorar ou piorar? Que o estresse iria aumentar ou diminuir? Que o próximo iria olhar para você com mais raiva ou mais admiração por sua atitude conciliadora?
Como disse, a vida não está fácil e não é só para você ou para o outro. Vivemos todos um único problema que, de uma maneira ou de outra, pressiona a todos nós.
Num grupo, todos têm deficiências e virtudes. Todos temos problemas, e assim, somos dependentes de nossas habilidades e incapacidades.
A bola nem sempre vem perto do nosso pé. No jogo corporativo ela não existe fisicamente. Quando conseguimos percebê-la cabe a nós buscá-la com vigor e vontade, pois também passamos bolas erradas e esperamos que, assim como agimos, os companheiros do time façam o mesmo. Na arquibancada achamos até que o jogo corre em silêncio, mas a grande realidade é que todo o time se comunica sem parar.
Cantar o jogo deve ser obrigação e dinâmica constante em todos os times.
Comunique-se com excelência, busque a bola, ajude o time!
Com isto, sem dúvida alguma, todos sairão ganhando.